quinta-feira, 4 de abril de 2013
E a nossa história teve um fim. *
Ele sempre quis ter o seu espaço, não perder a sua tão valiosa liberdade, aproveitar ao máximo a vida. Mas queria também a menina que sempre esteve ali ao seu lado, com o coração na boca, esperando muito ansiosa pelo dia em que ele resolvesse ficar de uma vez com ela de verdade. Teve tempo em que ela sentou, esperou e chorou. Ele
vacilava e a convencia de que ninguém ia tentar protegê-la tanto quanto ele, aí
ela lembrava de outros idiotas e então aceitava, voltava pro seu lugar. Aí
foram aparecendo tantos outros caras, tanta gente querendo que ela levantasse,
tantos que nem teriam feito a menina sentar. Ela pensou e se olhou no espelho,
se pediu desculpas e fez promessas, prometeu se fazer feliz sozinha, a qualquer
preço. Ele sempre ia, voltava e a encontrava sentada, no mesmo lugar de sempre,
com planos e carinhos. Aí ele dava a ela uns minutos contados de felicidade e
voltava pro mundo, sem se preocupar com a volta ou com ela enquanto não
houvesse a volta. Até que um dia ele voltou e a cadeira estava vazia, com um
bilhete de "Se cuida, te quero bem", que escondia uma história e mil
mágoas. E voltar pro mundo, continuou sendo bom, mas não era a mesma coisa.
Porque lá no fundo, ele sempre soube que naquela cadeira tinha mais que uma
menina com planos anotados, chorando á toa e querendo atenção. Ele sabia que a
felicidade de verdade tava ali sentada também, que ali ele não precisava beber
e ser engraçado, que ele podia contar os problemas, o dia e ia sempre ouvir
palavras doces. Que a menina sentada, sempre acreditou nele mais do que ele
próprio e sempre que ele pensava em desistir de um sonho, ela nunca deixava.
Ela esperava mais do que ele voltar com aquele pouco tempo de sempre, ela
esperava que ele fosse feliz. Mas agora tá lá, a cadeira e o bilhete borrado,
alguns sonhos pelo chão e uma história de amor, voando pela janela, livre,
porém pesada. Ele ainda volta e se depara com o mesmo cenário, cada vez mais
frio e menos colorido. E, veja só, agora quem espera é ele. Espera que ela
volte e tudo seja cômodo como sempre, feliz como só era na presença dela,
sempre confusa, ingênua e encantadoramente inteira. Mas a menina tá longe,
depois que levantou, não aceita mais se sentar e esperar pelo tempo de ninguém.
Porque todo dia que ela acorda, ela sorri, pra nunca mais deixar apagar esse
brilho que sempre lhe foi peculiar. Porque a vida é mais do que um cara e uma
cadeira e hoje ela sabe disso. Ela se ama sozinha e recebe carinhos desses
moços, que entre ir pro mundo e encontrá-la, deixam o mundo pra depois. E tudo
vira aprendizado, não é mesmo? Hoje ela é quem visita rapazes em cadeiras, não
por maldade, mas por medo de ter que voltar a sentar.
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